[...]
Hoje - tantos anos depois, neurônios arrebentados de álcool, drogas, insônia, rejeições, e a memória trapaceia, mesmo com a atenção voltada inteira para o centro seco daquilo que era denso
e foi-se dispersando aos
poucos, como se perdem o tempo e as emoções, poeira varrida, por mais
esforços que faça, plena madrugada, sede familiar, telefone - mudo - não
consegue lembrar de quase mais nada além disto tudo que tentou ser
dito, ou aquilo que agora chama, com carinho e amargura, de:
Aquele Tempo.
Tempo, faz tanto tempo, repetem - esquece.
Continuam a dizer coisas que ele não entende. [...]
Caio Fernando Abreu
Excerto de
''Os Dragões Não Conhecem O Paraíso''
Aquele Tempo.
Tempo, faz tanto tempo, repetem - esquece.
Continuam a dizer coisas que ele não entende. [...]
Caio Fernando Abreu
Excerto de
''Os Dragões Não Conhecem O Paraíso''